top of page

Sectores Estratégicos para a Diversificação Económica e Crescimento Sustentável de Portugal

  • c
  • 11 de nov. de 2024
  • 8 min de leitura

Portugal encontra-se numa encruzilhada histórica, um ponto de viragem que, nos termos de Eça, talvez diríamos “torna a viagem perpétua e infinita”. Estamos num tempo em que o país precisa de romper com a dependência do turismo e desenhar um futuro diverso, resistente às marés da economia global e aos choques que dela derivam. Na literatura portuguesa, um autor como José Rodrigues dos Santos narraria esta aventura com o ritmo de uma investigação, uma busca – e o caminho é mesmo esse: Portugal deve percorrer uma jornada de renovação e mudança, apostando em sectores que permitam um crescimento sustentado e sustentável.

 

Abaixo, exploro nove sectores estratégicos que Portugal deve considerar, integrando dados e análises custo-benefício para demonstrar como esses sectores podem servir de alicerce a um futuro próspero.

 


1. Energias Renováveis: Portugal como Pioneiro da Transição Verde

 

Visão Geral do Sector:

Portugal já é uma referência em energias renováveis – em 2022, 54% da eletricidade do país foi gerada a partir de fontes renováveis, um feito digno de registo. Com a sua vasta costa Atlântica e regiões interioranas soalheiras, o país possui condições para expandir ainda mais este sector, especialmente nas áreas da energia eólica e solar, construindo uma independência energética e diminuindo as emissões de carbono.

 

Exemplos e Factos:

    •         Impacto Atual: A energia renovável já representa mais de metade da eletricidade consumida em Portugal, um feito alcançado por poucos países.

    •         Tendências Globais: O mercado global das energias renováveis está a crescer a uma taxa anual de 8,3%, impulsionado pela procura crescente de energias verdes.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Aumento percentual das energias renováveis no total da eletricidade produzida.

      2.   Número de novos postos de trabalho criados no sector das energias verdes.

      3.   Redução das emissões de carbono em comparação aos níveis atuais.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Investimento inicial elevado em infraestruturas.

    •         Benefícios: Redução da dependência energética externa, segurança energética e potencial de exportação de energia verde para a Europa.

 

Previsão Económica:

Com um investimento adicional de mil milhões de euros anuais, Portugal poderia aumentar o seu PIB em 0,6% ao longo da próxima década. Estima-se que o sector crie 20.000 novos empregos e reduza os custos de importação energética em 15% até 2035. Portugal consolidar-se-ia, assim, como um dos pilares da transição energética europeia.

 


2. Tecnologia e Inovação Digital: Transformando Portugal num Hub Tecnológico

 

Visão Geral do Sector:

Portugal emergiu nos últimos anos como um centro de inovação digital, com Lisboa a atrair empresas e eventos tecnológicos de escala global. Agora, é fundamental expandir este sector para áreas como a inteligência artificial, fintech, e cibersegurança, captando investimentos e fomentando uma economia baseada no conhecimento.

 

Exemplos e Factos:

    •         Web Summit: Lisboa recebe anualmente a Web Summit, reunindo líderes tecnológicos e investidores de todo o mundo.

    •         Atração de Talento Global: Portugal é um dos destinos preferidos para nómadas digitais, beneficiando-se de programas como o “Visto Gold”.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Aumento no número de startups tecnológicas e empregos no sector.

      2.   Crescimento dos fluxos de capital de risco.

      3.   Incremento das exportações de produtos e serviços tecnológicos.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Infraestrutura, formação e incentivos para atrair talento e empresas tecnológicas.

    •         Benefícios: Mais inovação, maior receita fiscal e eficiência nos serviços públicos.

 

Previsão Económica:

Com um investimento de 500 milhões de euros anuais, o sector tecnológico poderia contribuir com 1,5% do PIB até 2035, gerando aproximadamente 3,5 mil milhões de euros. Estima-se a criação de 30.000 empregos altamente qualificados, fortalecendo Portugal como um centro tecnológico de referência na Europa.

 


3. Agroindústria e Agro-tecnologia: Modernizando a Agricultura Portuguesa

 

Visão Geral do Sector:

Portugal tem uma longa tradição agrícola, mas enfrenta desafios relacionados com as alterações climáticas e a escassez de água. A aposta na agro-tecnologia pode aumentar a produtividade, melhorar a sustentabilidade ambiental e tornar os produtos portugueses mais competitivos no mercado global.

 

Exemplos e Factos:

    •         Oliveiras e Vinhas: Portugal é mundialmente reconhecido pelo seu azeite e vinho, produtos que representam uma fatia importante das exportações.

    •         Mercado Global: O mercado da agro-tecnologia deverá atingir 41 mil milhões de dólares até 2028, impulsionado pela procura de produção alimentar sustentável.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Aumento da produtividade agrícola por hectare.

      2.   Redução do uso de água e químicos.

      3.   Aumento das exportações agrícolas.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Implementação de sistemas avançados de irrigação e monitorização digital.

    •         Benefícios: Menos desperdício de recursos, maior rentabilidade e crescimento das exportações.

 

Previsão Económica:

Com um investimento de 300 milhões de euros por ano, Portugal poderia aumentar a produtividade agrícola em 10% até 2030 e reduzir o uso de água em 20%, resultando num crescimento das exportações agrícolas superior a 500 milhões de euros até 2035. Este sector pode adicionar cerca de 0,3% ao PIB anual, garantindo a segurança alimentar e o valor dos produtos portugueses.

 


4. Ciências da Vida e Biotecnologia: Impulsionando a Inovação em Saúde

 

Visão Geral do Sector:

Com uma população cada vez mais idosa e crescente procura por soluções de saúde inovadoras, o sector das ciências da vida oferece um enorme potencial de crescimento. Portugal já conta com uma mão-de-obra qualificada na área da saúde e da investigação científica, o que o coloca numa posição vantajosa para investir na biotecnologia e na saúde digital.

 

Exemplos e Factos:

    •         Startups Biomédicas: Empresas como a Immunethep, que desenvolve vacinas, são exemplos de inovação no sector biotecnológico português.

    •         População Envelhecida: Aumenta a procura por produtos e serviços de saúde, uma tendência que se espera crescer nas próximas décadas.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Aumento do investimento em I&D no sector biotecnológico.

      2.   Crescimento no número de patentes em ciências da vida.

      3.   Número de parcerias entre universidades e empresas privadas.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Elevado investimento em investigação e desenvolvimento, necessidade de mão-de-obra altamente especializada.

    •         Benefícios: Potencial de exportação, criação de empregos qualificados, avanços na prestação de cuidados de saúde.

 

Previsão Económica:

Com um investimento anual de 500 milhões de euros, o sector das ciências da vida poderá representar um acréscimo de 0,8% ao PIB até 2035, gerando cerca de 15.000 empregos qualificados. A exportação de biotecnologia e produtos farmacêuticos portugueses poderá ultrapassar 1 mil milhões de euros anuais até 2030.

 


5. Educação e Investigação & Desenvolvimento: Construindo o Capital Humano

 

Visão Geral do Sector:

Portugal precisa de investir numa educação mais orientada para as STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), formando uma força de trabalho apta para os sectores em crescimento. O investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) é igualmente crucial para fomentar a inovação em todas as áreas.

 

Exemplos e Factos:

    •         Universidades de Lisboa e Porto: Excelentes reputações e forte aposta na formação científica, mas um potencial de I&D ainda aquém do desejado.

    •         Comparação Internacional: Portugal apresenta um nível de investimento em I&D inferior ao de outros países da UE, destacando o potencial de crescimento.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Aumento de licenciados nas áreas STEM.

      2.   Crescimento da despesa em I&D como percentagem do PIB.

      3.   Redução do êxodo de talentos qualificados.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Reformas educacionais, subsídios para investigação e bolsas de estudo.

    •         Benefícios: Potencial de inovação, força de trabalho qualificada e redução do desemprego.

 

Previsão Económica:

Investindo 700 milhões de euros por ano, a educação e o I&D poderiam aumentar o PIB em 0,5% ao ano, fortalecendo Portugal como uma economia baseada no conhecimento. Um sistema educacional reforçado reduziria o desemprego juvenil, com licenciados STEM a contribuírem mais para a economia e a inovação.

 


6. Diversificação do Turismo e Ecoturismo: Desenvolvimento Turístico Sustentável

 

Visão Geral do Sector:

O turismo é vital para a economia portuguesa, mas precisa de diversificação para reduzir a volatilidade sazonal. Expansão para áreas de ecoturismo e turismo cultural pode atrair visitantes de alto valor, promovendo a preservação do património natural e cultural.

 

Exemplos e Factos:

    •         Lisboa e Porto: Ambos recebem milhões de turistas anualmente, mas o ecoturismo ainda está em crescimento.

    •         Tendências Globais: O ecoturismo está a crescer a 15% ao ano, fruto da crescente consciência ambiental.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Crescimento no número de turistas em áreas rurais e naturais.

      2.   Aumento do gasto médio por visitante.

      3.   Preservação de locais históricos e áreas protegidas.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Infraestrutura turística sustentável e preservação do património.

    •         Benefícios: Aumento da receita per capita, estabilidade do turismo ao longo do ano, conservação ambiental.

 

Previsão Económica:

Um investimento de 300 milhões de euros por ano pode estabilizar as receitas turísticas, aumentá-las em 1,2% ao ano e criar cerca de 10.000 empregos em áreas rurais. Ao focar em turismo de alto valor, Portugal poderá alcançar 20 mil milhões de euros em receitas turísticas até 2030.

 


7. Economia Azul: Aproveitando os Recursos Marinhos de Portugal

 

Visão Geral do Sector:

Portugal, com uma das maiores costas da Europa, possui um potencial imenso na economia azul, incluindo pesca sustentável, aquacultura e energias oceânicas.

 

Exemplos e Factos:

    •         Energia Oceânica: Portugal é pioneiro na energia das ondas e das marés, testando soluções de energia limpa no Atlântico.

    •         Consumo de Marisco: Portugal é o maior consumidor de marisco per capita da Europa, sublinhando a importância de práticas de pesca sustentáveis.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Crescimento da produção sustentável na aquacultura.

      2.   Aumento da produção de energia oceânica.

      3.   Melhoria na conservação da biodiversidade marinha.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Investimento em infraestruturas marinhas e regulamentação ambiental.

    •         Benefícios: Abastecimento sustentável de produtos marinhos, energia limpa, criação de empregos costeiros.

 

Previsão Económica:

Com um investimento anual de 400 milhões de euros, a economia azul pode representar 1,3% do PIB até 2035, gerando 20.000 empregos e aumentando a auto-suficiência alimentar. A energia oceânica poderá fornecer 5% das necessidades energéticas do país, reduzindo a dependência de fontes fósseis.

 


8. Indústria Avançada e Indústria 4.0: Modernização da Indústria Portuguesa

 

Visão Geral do Sector:

A indústria portuguesa, desde o têxtil ao automóvel, pode beneficiar de tecnologias da Indústria 4.0, aumentando a produtividade e reduzindo o impacto ambiental.

 

Exemplos e Factos:

    •         Indústria do Calçado: Reconhecida pela sua qualidade e inovação, já abraçou a automação em diversas áreas.

    •         Tendência Global: A Indústria 4.0 deverá acrescentar 3,7 biliões de dólares à economia global até 2025.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Aumento da produtividade industrial.

      2.   Redução de resíduos industriais e consumo energético.

      3.   Aumento das exportações de produtos de alta tecnologia.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Investimento em automação e formação especializada.

    •         Benefícios: Maior competitividade internacional, menor desperdício e melhores condições de trabalho.

 

Previsão Económica:

Investindo 600 milhões de euros por ano, a indústria avançada pode adicionar 1% ao PIB até 2035, com as exportações de produtos de alta tecnologia a crescerem 500 milhões de euros anualmente.

 


9. Serviços Financeiros e Fintech: Inovação Digital em Finanças

 

Visão Geral do Sector:

Com uma população cada vez mais digital, Portugal está bem posicionado para expandir o sector fintech, promovendo uma inclusão financeira mais ampla e atraindo investimentos.

 

Exemplos e Factos:

    •         Startups Fintech: Portugal está a emergir como um centro regional de fintech, com várias empresas a desenvolverem soluções inovadoras.

    •         Adopção Digital: A utilização de pagamentos digitais está a crescer rapidamente.

 

Indicadores de Sucesso (KPIs):

      1.   Crescimento no número de fintechs.

      2.   Aumento nas transações digitais.

      3.   Expansão do acesso a serviços financeiros digitais.

 

Análise Custo-Benefício:

    •         Custo: Regulação e infraestruturas digitais.

    •         Benefícios: Inclusão financeira, maior receita fiscal, criação de empregos.

 

Previsão Económica:

Com um investimento de 200 milhões de euros anuais, a fintech pode representar 0,5% do PIB até 2035, modernizando o sistema financeiro e promovendo parcerias internacionais.

 


Conclusão

 

Investir nestes sectores estratégicos daria a Portugal um roteiro claro para a diversificação económica e o crescimento sustentável. A aposta em áreas como energia renovável, inovação tecnológica e indústria avançada permitirá criar milhares de empregos e fortalecer a resiliência de Portugal no contexto global. Se Portugal avançar com estes investimentos, a economia poderá crescer cerca de 2,5% ao ano, criando mais de 150.000 novos empregos até 2035 e consolidando o país como líder na Europa verde, digital e diversificada.

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Mantenha-se em Contacto

Informação recebida com sucesso

bottom of page